sábado, 14 de janeiro de 2012

Respeito/Respect/Respekt/Respecto/Respecteren/Rispetto








       Uma discussão com um amigo na timeline me inspirou a escrever essas mal traçadas linhas. O tema era transexualidade. A troca de ideias começou após um comentário meu sobre uma história muito bonita apresentada no quadro Lata Velha, do Caldeirão do Huck, da Rede Globo. Um casal pra lá de diferente era o personagem de uma das maiores lições de amor que eu já vi na vida.


       Alex é divorciado, mora com a ex-esposa Maria, o filho dele e os dois filhos dela, e namora Alexandra há onze anos. A excentricidade poderia ter parado por aí mas, não. Alexandra é transexual. E Alex é completamente apaixonado por ela. E isso é lindo! Não falo só da beleza do amor, que já é algo gigantesco e glorioso. Falo da beleza do amor ao que é diferente. Para Alex, Alexandra nasceu com uma deformidade. E só. Ele enxergou naquela mulher diferente, a pessoa que ele queria ter ao lado pela vida inteira.  

       Ok, já disse do que se tratava o assunto. Agora vamos à discussão. No twitter, o amigo perguntou se era a história em que "ele é ela". Como assim, "ele é ela"? Ela é ELA. É uma mulher. Emocionalmente, Alexandra é uma mulher. E presa no corpo de um homem. Alguém consegue imaginar o quão desesperador deve ser nascer no corpo errado? Porque, se você nasce no lugar errado, você pode ir embora. Se você nasce na classe social errada, você pode subir ou descer. E quando você nasce no corpo errado? O que é que você vai fazer? 

       Mas, quem disse que essa alteração é só em caso de transexualismo? Eu posso citar aqui diversos casos de pessoas que nasceram em corpos errados que eu conheci na terapia. Eu sou um deles. Não, não sou transexual. Eu sofro de transtorno alimentar. Algo tão grave quanto o transexualismo e que, às vezes, pode ser solucionado com uma cirurgia, como no meu caso e dos transexuais. Mas, imagine as pessoas que sofrem de anorexia e bulimia ou de outro transtorno inoperável como TOC. 

       Imagine a dificuldade de enfrentar um problema desse porte e ainda assim, ter que arrumar forças para enfrentar o preconceito das pessoas. Porque essas não perdoam! Seria muito mais fácil chamar Alexandra, a mulher que me levou a escrever esse texto, de viadinho, bichinha e afins, do que enxergar que ela tem um problema e que tem que ser respeitada por isso. Assim como é bem mais fácil chamar alguém de anoréxica maluca, bulímica fresca, gorda sem vergonha na cara. Quantas vezes eu ouvi esse último?! Dentro de casa mesmo! E tinha que sorrir. Porque, mesmo com ódio do que tinha acabado de ouvir, eu devia respeito aos tios e tios/avós mais velhos que tinham acabado de me chamar de "gorda sem vergonha".

       Eu só quero deixar uma mensagem pra você, que está terminando esta leitura agora. Pense. Pense muito antes de chamar alguém do que quer que seja. Isso magoa. E pode causar a morte de alguém. Pessoas desesperadas não medem esforços para findar a dor que sentem. Umas morrem na tristeza, outras tantas resolvem dar fim a própria vida por não suportar mais conviver com o preconceito imbecil que assola a todos nós. Não seja indiretamente responsável pela morte de ninguém. Respeite. O fato de uma pessoa ser diferente não significa que ela seja um alienígena. A gente passa a vida toda querendo se destacar dos demais, querendo ser 'diferentes' e não conseguimos respeitar os realmente diferentes? Como é isso? Respeito não dói, não custa absolutamente nada e ainda vai fazer um bem danado a você mesmo.